NOVO CENÁRIO
Mais tecnificadas, mulheres vão assumindo as rédeas do agronegócio
Estudo recente aponta um crescimento de 8,3% da atuação feminina no campo, enquanto o número de homens teve recuo de 11,6%
Ricardo Chicarelli
Claudia Carlomagno faz parte desta estatística, após o fim do casamento trocou a psicologia pela administração da fazenda: muito estudo e dedicação
A força do agronegócio brasileiro vai além da movimentação econômica que ele gera. Sua pujança nos últimos anos é capaz de alterar estruturas sociais, inclusive relacionadas ao mercado de trabalho e sua relação com as mulheres. Neste novo cenário, fica cada vez mais distante aquela figura estereotipada do homem com a força braçal e a esposa cuidando da casa e dos filhos.
O agronegócio mudou, se tecnificou e exige elevada capacitação. O produtor também é gestor, um "CEO" da propriedade. Movimento natural de evolução que colocou as mulheres na cabeça do negócio, não apenas dentro da porteira, mas também nas agroindústrias e serviços prestados pelo agro. Elas estão por toda a parte e são protagonistas.
O estudo "Mulheres no Agronegócio", do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"), divulgado recentemente, comprova todo esse impacto do sexo feminino no setor. Entre 2004 e 2015, houve uma tendência geral de redução da população ocupada (PO) do agronegócio. No período, a queda foi de 6,6%, mas não para elas. Enquanto o número de homens atuando no setor diminuiu 11,6%, o total de mulheres trabalhando no agro aumentou 8,3%. Diante desse cenário, a participação da mulher no mercado de trabalho do agronegócio cresceu consistentemente entre 2004 e 2015, passando de 24,1% para 28%. "Nos últimos anos, 50% do que o Brasil evoluiu em relação à participação feminina como um todo (no mercado de trabalho) foi proveniente do agronegócio", ressalta o pesquisador do Cepea, Leandro Gilio.
Se por um lado os pesquisadores ficaram surpresos com números tão significativos, por outro conseguiram avaliar de forma consistente essa movimentação. "São vários aspectos, como a tecnificação do campo, maior escolaridade da mão de obra, entre outros. A mulher também é cada vez mais provedora dentro do lar e isso acaba influenciando que ela vá ao mercado de trabalho. A geração de emprego dentro do agro acaba atraindo pessoas, principalmente no interior do País."
Enquanto os homens do agronegócio estão predominantemente atuando no segmento primário (agropecuária), as mulheres atuam principalmente nas agroindústrias e nos agrosserviços, mas é claro que há exceções, como os cases que você confere aqui na Folha Rural. Em 2015, 19,66% das mulheres atuando no agronegócio estavam dentro da porteira. Quanto aos elos industriais, 0,91% estava na indústria de insumos e 34,11% na
agroindústria de processamento. O segmento de agrosserviços, por sua vez, se destacou, com participação de 45,32% na mão de obra feminina. "Como inclusive dentro da porteira tem se incentivado a mecanização, surgem novas oportunidades mais qualificadas no campo, o que gera uma inserção maior da mulher."
Por fim, no segundo estudo do Cepea, enquanto a participação das mulheres com instrução igual ou inferior ao ensino fundamental recuou expressivamente entre 2004 e 2015, aumentou a participação das mulheres com ensino médio e superior atuando no agro. Especificamente, a participação das mulheres com ensino superior dobrou no período, passando de 7,6% para 15%.
LEIA A REPORTAGEM COMPLETA
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Victor Lopes
Reportagem Local
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