O físico Igor Polikarpov dá uma pancadinha na madeira da mesa para
enfatizar seu atual desafio como cientista. “Precisamos entender em
detalhes do que isto aqui [a madeira] é feito”, afirma ele.
O pesquisador está na linha de frente das tentativas de criar uma
receita brasileira para a produção do etanol de segunda geração, feito
justamente a partir da celulose, um açúcar complexo abundante tanto na
madeira das árvores quanto no bagaço de cana (ou nas células de qualquer
outra planta terrestre).
“Não tenho dúvidas de que o etanol celulósico vai ganhar viabilidade.
Nossas vantagens competitivas são muitas”, diz Polikarpov, professor do
Instituto de Física da USP de São Carlos e vice-diretor da Rede USP de
Bioenergia.
Os fatores que compõem o que ele compara a um “pré-sal de biomassa”
no país são: disponibilidade de terra e água, luz solar à vontade e uma
cadeia produtiva já montada, com vasta quantidade de matéria-prima
pronta para ser processada.
Jogo duro
A questão, porém, é como “quebrar” a celulose e outros componentes do
bagaço, de maneira a viabilizar a transformação do rejeito em etanol.
Os melhores candidatos para isso são as enzimas (moléculas que aceleram
reações bioquímicas) produzidas por certos fungos, originalmente
“domesticados” na indústria de queijo, por exemplo.
Um dos projetos mais ambiciosos da equipe da USP, junto com
pesquisadores de outras instituições, envolve a “caça” a novas enzimas
promissoras, obtendo material genético de composteiras repletas de
bagaço.
Os coquetéis de enzimas mais avançados do mercado hoje são produzidos em lugares como a Dinamarca.
Fonte: Folha de S. Paulo
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