sexta-feira, 27 de junho de 2014

Pré-sal da biomassa´ torna país competitivo, diz físico da USP

O físico Igor Polikarpov dá uma pancadinha na madeira da mesa para enfatizar seu atual desafio como cientista. “Precisamos entender em detalhes do que isto aqui [a madeira] é feito”, afirma ele.
O pesquisador está na linha de frente das tentativas de criar uma receita brasileira para a produção do etanol de segunda geração, feito justamente a partir da celulose, um açúcar complexo abundante tanto na madeira das árvores quanto no bagaço de cana (ou nas células de qualquer outra planta terrestre).
“Não tenho dúvidas de que o etanol celulósico vai ganhar viabilidade. Nossas vantagens competitivas são muitas”, diz Polikarpov, professor do Instituto de Física da USP de São Carlos e vice-diretor da Rede USP de Bioenergia.
Os fatores que compõem o que ele compara a um “pré-sal de biomassa” no país são: disponibilidade de terra e água, luz solar à vontade e uma cadeia produtiva já montada, com vasta quantidade de matéria-prima pronta para ser processada.
Jogo duro
A questão, porém, é como “quebrar” a celulose e outros componentes do bagaço, de maneira a viabilizar a transformação do rejeito em etanol. Os melhores candidatos para isso são as enzimas (moléculas que aceleram reações bioquímicas) produzidas por certos fungos, originalmente “domesticados” na indústria de queijo, por exemplo.
Um dos projetos mais ambiciosos da equipe da USP, junto com pesquisadores de outras instituições, envolve a “caça” a novas enzimas promissoras, obtendo material genético de composteiras repletas de bagaço.
Os coquetéis de enzimas mais avançados do mercado hoje são produzidos em lugares como a Dinamarca.
Fonte: Folha de S. Paulo
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